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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia do Trabalho ou do trabalhador?

trabalhadores 3

Há 120 anos o congresso Socialista de 1889, em Paris, instituía o 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalho. Homenagem aos trabalhadores de Chicago, EUA, mortos durante a greve geral de 1886 enquanto reivindicavam a redução da jornada de 13 para 8 horas, direito à folgas semanais, férias, e a um salário digno. Esta foi apenas uma das muitas batalhas enfrentadas pelos trabalhadores desde que o capitalismo transformou a força de trabalho numa mercadoria abundante e extremamente desvalorizada, apesar de imprescindível para a manutenção do sistema.
No Brasil, os trabalhadores protagonizaram lutas semelhantes, boa parte delas apagadas dos livros de História, pois não é do interesse de nossas elites que exemplos como estes sejam conhecidos, menos ainda, seguidos. Destaco aqui a greve geral de 1917, em São Paulo, reprimida de forma tão violenta que provocou a fuga para o interior de milhares de moradores da capital, e as greves do ABC, em 1978, que enfrentou o Regime Militar e desencadeou um movimento de resistência que levaria ao fim da Ditadura e à consolidação das leis trabalhistas na Constituição de 1988.
Hoje, embora esses direitos não alcancem todos os brasileiros, forças políticas e econômicas insistem em atribuir a eles a culpa pelo custo da produção, pela inflação e até pelo desemprego. Ao mesmo tempo, as centrais sindicais, mais comprometidas com os interesses políticos dos partidos a elas coligadas que para os trabalhadores que  deveriam representar, recorrem a sorteios de prêmios e a shows para conseguir a presença dos trabalhadores nos atos públicos promovidos por elas no Dia do Trabalho. Talvez esteja na hora de nos perguntarmos o que estamos fazemos com este legado.

8 comentários:

Guilherme Diogo Rodrigues disse...

Infelizmente, hj em dia nos esquecemos da luta dos trabalhadores por melhores condições e direitos.
É verdade , fatos como este são pouco ou nada falados em escolas, sei disso por experiência propria, pois sai da escola ano passado.
Graças a Deus existem historiadores como vc , que estão aqui para fazer a diferença.

Parabens pelo post

Unknown disse...

A história da greve de 1917 deveria ser conhecida por todos e cultuada, como exemplo de luta e contra-exemplo de repressão, o que você acha?

Hugo Albuquerque disse...

Há essa divergência sobre o nome do feriado, mas eu prefiro trata-lo como Dia do Trabalhador mesmo. É preciso transferir a festa para o agente e não para a ação. É o trabalhador que precisa ser dignificado, não o trabalho que em si pode ser tanto um trabalho digno como não ou até mesmo ser realizado em condições insalubres.

Ainda assim, sou obrigado a colocar que mesmo o uso do termo "trabalhador" é insuficiente na medida em que ele é um vocábulo por demais amplo. Veja só, é trabalhador aquele que pratica a ação de transformar a natureza para produzir materialmente. Quando nós estudamos Direito do Trabalho, paradoxalmente, não estamos tratando de todos os gêneros de trabalhadores, mas sim de uma espécie deles: O empregado.

São empregados as pessoas físicas que prestam serviços de natureza contínua para um empregador a quem está subordinado e de quem deve receber remuneração. Eis aí a verdadeira estrela do Primeiro de Maio e, ao mesmo tempo, o maior símbolo do porquê as coisas estão erradas.

Explico-me, a ideia de existirem pessoas trabalhando com vínculo de emprego, por si só, é um erro e mesmo com toda uma legislação protecionista, essa forma de trabalhar está fadada ao fracasso, justamente porque a ideia de subordinação institui a primazia do controle sobre a eficiência. A situação de injustiça é intrínseca a essa condição.

O correto mesmo seriam todos serem trabalhadores cooperativados. Isto era a ideia que está lá atrás em Marx e não é o que aconteceu os países bolchevistas com suas estatais gigantescas cuja diferença para as grandes corporações ocidentais era o patrão.

Eduardo Prado disse...

Guilherme,

Como professor eu constato a mesma coisa. E isso vem piorando a cada ano.

Cresce entre os Coordenadores pedagógicos e entre os professores a ideia _ de girico _ de que a escola deve preparar seus alunos para o mercado, e isso exclui totalmente a formação de uma consciência de classe. Quando formados, os jovens devem ser empreendedores aptos a tirar os melhores proveitos do capitalismo e não ser inimigo dele, menos ainda do empreendedor, que é o novo nome que escola dá ao patrão. Com o pretexto de privilegiar uma educação imparcial, evitando uma suposta doutrinação ideológica, os movimentos sociais vão perdendo espaço nas aulas de história e geografia. Lamentável.

Eduardo Prado disse...

Maurício,

Acho isso mesmo!

A maioria dos livros de história do ensino médio trás alguma coisa sobre a Grande Greve de 1917, mas muito pouco. Já os livros do Fundamental, quando trazem alguma informação, ela se resume apenas a um quadro ou ilustração. Claro que existem muitos livros didáticos diferentes sendo usados nas escolas de todo o Brasil, dos quais eu conheço uma parcela muito pequena deles.

A História dessa greve é muito importante porque foi a partir dela que o operariado brasileiro ganhou importância política. Até ela o trabalhador não era contado como força política relevante. Para os operários, o sucesso da greve geral demonstrou o qual forte os trabalhadores podem ser, desde que unidos.

É interessante também lembrar o quanto movimento anarquista era forte e influente época. Esta greve marcou o apogeu das idéias anarquistas entre o operariado brasileiro, ideais que praticamente desaparecerem sem deixar vestígios. Sem dúvida foi um dos mais bonitos e heróicos movimentos populares da nossa história.

Eduardo Prado disse...

Hugo,

Também prefiro Dia do Trabalhador. Se o dia fosse mesmo dedicado ao trabalho então não deveria ser feriado, não seria lógico. hehehe...

Essa coisa do vínculo empregatício, apesar de representar uma segurança ao empregado, também representa uma prisão. Se for considerar o trabalho remunerado como o resultado da venda da força de trabalho, a carteira assinada representa um contrato de exclusividade.

Eu sei que não é neste sentido que Marx pensou no trabalho cooperativo, mas eu me lembrei de uma modalidade de trabalho qeu vem crescendo muito, o que vejo com bastante preocupação. Pouco se fala dessas cooperativas de trabalhadores, que na verdade são uma espécie de terceirização em que os trabalhadores não tem direito nenhum já que, teoricamente, são eles próprios os donos da "empresa".

Mudando um pouco de assunto...

Talvez você já tenha ouvido a frase: "Largue seu emprego e vá trabalhar!".

Definir trabalho é algo meio complicado. Este blog por exemplo. As vezes eu gasto horas do meu dia nele. Seja escrevendo ou pensando no que escrever, lendo e respondendo comentários deixados aqui ou em outros blogs dos quais eu participo. Isso sem contar nas tentativas de melhorar o template. Isso é trabalho, não é?
Quando estou sentado na frente do computador me ocupando com este blog eu considero que estou trabalhando. Um trabalho não remunerado, é verdade. Ou melhor, remunerado de outra forma, com a satisfação que tenho ao me ocupar nele, apenas isso.

Fora eu, ninguém mais _ amigos ou parentes _ considera este um trabalho e sim uma espécie de entretenimento como games ou o Orkut.

Hugo Albuquerque disse...

Eduardo,

Sobre esse assunto de falsas cooperativas, isso passou a acontecer depois que foi permitida a esse tipo de sociedade prestar serviços para empresas, daí alguns espertalhões fundaram cooperativas para na verdade fazer uma terceirização. No entanto, esqueceram esses senhores que no Direito do Trabalho existe um princípio chamado de Primazia de Realidade, isto é, a realidade fática prevalece sobre o que está expresso em um eventual contrato. Cai na Justiça do Trabalho e eles tomam feio no nariz.

Sobre o trabalho, estou de acordo, o que fazemos nos nossos blogs é trabalho, as pessoas não compreendem porque levam em consideração uma visão bastante estrita de trabalho enquanto emprego ou como serviço autonômo que proporciona dinheiro.

Estamos aqui todo tempo, mexendo no layout, procurando ideias para alguma postagem, buscando a palavra certa para cada trecho...Enfim, estamos produzindo, estamos trabalhando. Não receberemos como remuneração dinheiro - a menos que tenhamos patrocinadores -, mas ganhamos em troca conhecimento, novas amizades, experiências, coisas que nem sempre o trabalho 'real', que nos dá em troca renda pecuniária, é capaz de nos proporcionar.

Anônimo disse...

ola... eu keria que me explicassem é k tenho duvida...
eu faço serviço num cafe/bar duas semanas por mes, folgo a 6f, mas trabalho de 2f a 5f das 12h30 as 14h e das 20h as 00hras,sabados tb das 13h as 14h30 e das 20h as 00hras e aos domingos das 13h as 19h e das 20h as 00hras..o k eu kero saber é se estes horarios sao possiveis e se aos fins de semana o preço de pagamento não deve ser a dobrar?

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