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quarta-feira, 12 de maio de 2010

13 de Maio

2010-05 (mai)
No dia 13 de Maio de 1888 o Parlamento Brasileiro aprovava, por ampla maioria, a lei que colocaria fim a quase quatrocentos anos de escravidão no Brasil. O anúncio foi feito em meio a maior festa popular que o Império jamais conheceu. Não era para menos. A lei Áurea coroou os esforços dos milhares de brasileiros que se engajaram na causa abolicionista, a primeira grande mobilização popular da nossa história. Evidentemente ainda havia quem defendesse a manutenção da escravidão por mais alguns anos, mas mesmo estes compreendiam que seu fim era inevitável. Mas por que o 13 de Maio não foi eleito pelos movimentos negros como símbolo da resistência à escravidão?
A resposta é simples: Uma vez assinada a Lei Áurea os ex-escravos foram deixados a própria sorte e o que era para ser um marco no exercício pleno da cidadania se tornou um grande programa de desemprego em massa. Ao longo do tempo a participação ativa dos negros no processo abolicionista foi apagada da história oficial e o 13 de Maio acabou lembrado como um ato de compaixão da elite branca. Nada mais falso.
A elite da época somente aderiu à causa abolicionista quando ficou claro que não havia outra alternativa. A charge acima, publicada por Ângelo Agostini em 1887 na Revista Ilustrada, mostra claramente que o sistema escravista se desintegrava a olhos vistos: “Enquanto no Parlamento só se discursa e nada se resolve, os pretinhos raspam-se com toda ligeireza. Os fazendeiros não conseguem segurá-los.”, dizia a legende da charge. Muito antes da assinatura da lei Áurea pela Princesa Isabel, os negros brasileiros já haviam decidido que não seriam escravos de mais ninguém.

2 comentários:

Thiago Leite disse...

Eu entendo a posição do Movimento Negro sobre o 13 de maio e o 20 de novembro. Mas não acho que a Abolição deveria ser esquecida.

Antes da Abolição, os negros eram propriedade. Depois dela, ficaram perdidos. Era melhor a situação deles antes da Lei Áurea? É claro que esta criou vários problemas, pelo fato de não dar estrutura mínima para que os ex-escravos vivessem como gente. Mas, entre a escravidão e a abolição desta, o que é preferível?

São perguntas chatas, eu mesmo não sei responder em poucas linhas...

Eduardo Prado disse...

Thiago,

Também acredito que a Abolição precisa ser lembrada, até porque seu valor simbólico é muito significativo. O 13 de Maio representou a ruptura com uma fase da historia que marcou profundamente o nosso país.

É uma pena que a História oficial tenha minimizado a participação dos negros neste processo preferindo destacar e valorizar o engajamento da elite branca à causa abolicionista. Estudando a Abolição em livros mais antigos, até os anos 90, tem-se a impressão que os negros foram agentes passivos neste processo, que foram libertados e não que eles se libertaram. Daí a preferência dos movimentos negros em lembrar a luta de Zumbí contra a Coroa Portuguesa e a elite branca da colonia celebrando o 20 de Novembro, dia de sua morte.

Respondendo a sua pergunta, acho que a liberdade, mesmo em meio a dificuldades é mais preferível à escravidão. Pode não ser suficiente, mas acredito que é preferível.

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