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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Horário Eleitoral Começou: Agora é tudo ou nada

 Eleições 2010Para muitos candidatos e eleitores a campanha eleitoral começa mesmo, para valer, quando tem início a propaganda eleitoral gratuita. É a partir dela que muitos eleitores definem seu candidato, por isso mesmo é nela que os partidos investem boa parte de suas fichas. No caso dos presidenciáveis pode parecer que a situação já está definida em favor da candidata Dilma Rousseff do PT, mas não é bem assim. Eleição não é partida de futebol, mas em ambos os casos o melhor nem sempre vence, zebras acontecem. Candidaturas quase vitoriosas já sofreram derrotas acachapantes por fazerem escolhas equivocadas em seus programas de rádio e televisão. Outras, quase perdidas, ganharam novo fôlego graças a abordagens mais eficientes aos olhos e ouvidos dos eleitores. Não é a toa que seu início é aguardado com esperança ou apreensão pelos candidatos, dependendo do lugar que ocupam nas pesquisas.

Para José Serra, do PSDB, é a hora do tudo ou nada. De franco favorito no início de 2010, disparado na dianteira, Serra agora luta para garantir pelo menos um segundo turno e assim manter alguma chance de virar o jogo. Já para Dilma  Rousseff, que segundo as últimas pesquisas seria eleita no primeiro turno se as eleições fossem hoje, a grande preocupação é manter a posse da bola até o final da partida. Temos ainda a candidata do PV, Marina Silva, que, assim como Dilma, também foi Ministra do governo Lula. Suas chances de vitória são pequenas, mas seu desempenho no horário eleitoral, e nos debates, pode fazer a diferença entre uma definição no primeiro ou no segundo turno. Há mais candidados, como o Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, também ex-PT, mas com pouquíssimas chances de influênciar o resultado das eleições.

Pois é, temos ainda os debates. Não estou convencido do quanto eles influenciam na decisão do eleitor, mas têm seu peso, com certeza. Para quem já definiu o voto há tempos, como eu, resta o clima de torcida. Em futebol dizem que um pouco de sofrimento confere mais  tempero à emoção do jogo. No esporte eu até concordo, mas no caso dessas eleições, se não dá para esperar uma campanha tranquila, prefiro que pelo menos não haja surpresas.

8 comentários:

Marcos Vinicius Gomes disse...

Eduardo,

Talvez nem seja o caso da televisão, mas a net pode ser um fator importante. Hoje teve debate - eu não pude assistir - e parece que os candidatos perceberam que nesta corrida presidencial de 'nerds' a banda larga pode ser decisiva na escolha.

Thiago Leite disse...

A propaganda eleitoral serve para sabermos quais candidatos descartar, facilitando a escolha.

Eduardo Prado disse...

Marcos Vinicius,

Vivemos tempos interessantes! Estamos assistindo ao esgotamento de um modelo de mídia que dominou a cena da informação de maneira sem precedentes na história da humanidade. Alguns jornalistas e blogueiros influentes já se referem ao rádio, à tv e aos jornais impressos como "a velha mídia". Enquanto isso assistimos a ascenção da internet e suas ferramentas de cominicação, sobretudo as redes sociais com o Twitter ou o Orkut, entre tantas outras.

Mas não acredito que as "novas mídias" tenham um papel determinante nestas eleições. Pelo menos não em escala nacional. Enquanto a televisão está presente em quase cem por cento dos lares, o universo de famílias conectadas à internet ainda é pequeno. Se não me engano chega perto dos quarenta por cento. Dessas, apenas uma pequena parcela conta com banda larga. Ou por falta de oferta ou por falta de recursos para pagar por uma conecção que ainda é muito cara no Brasil. Não digo que o peso da internet nestas eleições seja irrelevante, não é mesmo, mas ainda é muito limitado se comparado a tv, por exemplo.

Eduardo Prado disse...

Thiago,

Para muita gente sim. Comigo também já foi.

Poucas vezes eu assisti ao horário eleitoral para decidir Meu voto. Acho que duas, e há muito tempo. Uma em 1998, quando ainda vacilava entre reeleger o tucano Mário Covas ou votar em José Genuíno, do PT, outra quando balançava entre Serra e Lula em 2002. No primeiro caso votei no candidato do PT, no segundo, no tucano Serra. Para sorte do Brasil Lula venceu.

Paulo Cunha disse...

Oi Eduardo,

Hoje, 1 de setembro, imagino que você não deve estar realmente muito preocupado com o resultado dessa eleição. Nem eu.

Pela primeira vez na minha vida adulta, não estou nem um pouco interessado. A última declaração de voto que fiz, daquelas de botar o pé na porta para forçar branquelo pensar, foi em um jantar de fim de ano da empresa... Todos os tucanos recuaram e ficou eu e outra discutindo sobre votar na Marina no primeiro turno só de protesto contra o desenvolvimentismo desenfreado da Dilma (o qual, diga-se, concordo).

Mas como essa conversa é de bar, já estava eu divagando. Inicialmente eu queria dar meu pitaco, melhor, expor minhas dúvidas, sobre a questão da mídia, e mais especificamente da TV, como indutor de voto. A mídia impressa, ou como diziam em priscas eras, a formadora de opinião qualificada, sendo tratorada pelos blogs e perdendo sua capacidade de influência é algo de de certa forma acompanho. O que me escapa é a questão da TV. Vale um parênteses.

Desde 2000 não vejo TV. Desde que liguei banda larga em casa. Sabe, chegar em casa depois do trabalho, ligar a TV para ver jornal/novela global, óbvio. Leio jornal on-line, leio blogs e baixo minhas novelas pelo bitorrent, que vejo e leio quando quero, não quando passa. Assim perdi o pulso do que aconteceu durante uma década na TV. Mas soube, lendo por segundas fontes, que há uma briga entre Globo e Record. E isso é o que fecha o parêntese.

Toda a discussão sobre o furo do bloqueio que os blogs estão impondo sobre a mídia tradicional (adoro velha, mas não quero misturar agora), a meu ver, só tem sentido nesse público que busca ativamente a informação, esse mal-dito público formador de opinião (quem cara-pálida?). Entretanto havia antes de 2000 um amplo público que via novela, e era influenciado por ela, que via propaganda, e comprava seus produtos, e via jornal nacional, e comprar seu discurso. Naquela época eu andava de ônibus e de táxi e via o jornal global, seus discursos eram bem disseminados (ao menos em São Paulo, capital).

Quando vejo a intenção de voto na Dilma, a despeito do que eu ouço dizerem que o jornal nacional diz ou deixa de dizer, quando vejo a rejeição do Serra, a despeito do "sinto muito" do âncora do jornal global, donde vem isso?

De duas, uma (provavelmente a terceira) ou aquele público que comprava o discurso da Globo, lá no século passado, descobriu que há um imenso hiato entre o dito pela TV e sua realidade cotidiana, e passou a pensar por conta própria, ou eles começaram a ver um contraditório pela mesma janela alienadora. Contradição de discurso na TV é deixar de ser alienadora. Mas é isso que eu não sei. Não vejo TV, e quando essas ideias tortas surgiram a mim, tentei ver Jornal da Record, Record News, etc, e sucumbi ao sangue que jorra dos jornais... Continuo sem saber.

Entretanto, todos os jornalistas com blogs que eu leio são ex-funcionários da Globo e vários, a grande maioria, são funcionários da Record. Não acho que a Record faz isso pelo ímpeto pluralista que uma vez existiu na TV Cultura, mas dá abrigo hoje aos jornalistas mais autônomos que eu ainda vejo, melhor, leio.

Gostaria muito de ler um panorama da questão do voto na Dilma / a favor do governo Lula / da continuidade dos programas sociais, etc, encaixado não apenas na polarização da velha mídia versus blogs, mas na questão dos discursos divulgados pela TV (todos os canais) e a percepção da melhora da condição de vida, salarial, etc.

Para terminar essa conversa de bar, obrigado pelo tema e pelo espaço. A Flavia vai me matar porque eu vivia ralhando com ela para ela ser mais concisa nos comentários - "Bota os comentários longos no seu blog, para de encher as caixas dos outros"...

Eduardo Prado disse...

Paulo,

Pois, fique a vontade para escrever e, por favor, não se preocupe em economizar palavras. E falando na Flavia, estou com saudades dos posts do Algodão Hidrófilo.

Já queimei meus neurônios tentando entender porque a popularidade do governo Lula parece ser imune aos ataques da imprensa, com destaque para a tv e o JN da Globo. Ainda acredito que a mídia em geral continua tendo muito poder de influência sobre as pessoas, seja como consumidores ou eleitores, mas não está funcionando com o Lula e, para minha surpresa, nem com a Dilma Roussef. Em 2006 as manchetes negativas explorando o escandalo do "mensalão" garantiram a derrota do Lula em São Paulo nos dois turnos, mas não comprometeram sua reeleição. Em 2010 isso não está funcionando nem mesmo em S.Paulo, pelo menos por enquanto.

Eu vejo pouca tv, um pouco por causa dos meus horários, outro tanto porque tenho mais o que fazer quando estou em casa, mas de vez em quando assisto algum noticiário. Achei interessante o que você escreveu sobre a Record. E é por ai mesmo. Não acompanho o jornalismo desta emissora, mas é verdade que seus reporteres parecem ter muito mais liberdade que os da emissora concorrente. Há uma disputa entre Globo e Record e isso pode ser bom para o telespectador. Jornais eu leio diariamente, mas só porque onde trabalho sempre tem algum exemplar do dia a disposição.

Mês passado, durante uma palestra/curso sobre incentivo a leitura nas escolas, uma das palestrantes se mostrou preocupada com a nível de desinformação e falta de senso crítico do brasileiro, sobretudo em relação aos jovens. Para ilustrar ela usou o exemplo da alta popularidade do Presidente Lula, resultado, segundo ela, de uma sistemática e eficiênte propaganda no estilo bolchevique, nos moldes stalinistas, até. É tanta mentira, tanta mentira, mas o povo acredita em tudo sem refletir, isso só acontece porque "a população não lê", disse a palestrante no final. Agora eu pergunto: Onde está sendo veiculada essa propaganda sistemática e eficiênte a favor do Governo Lula? Na tv, nas rádios e nos jornalões é que não está.

Um forte abraço!

Paulo Cunha disse...

Oi Eduardo,

Flavia está bem e manda um abraço. Ela só está apaixonada pela leva de alunos dela; pegou uma onda de alunos da área de humanas e está se divertindo ensinando inglês com textos que ela adora ler. Mas vieram em bando, o que é ótimo pro bolso é péssimo pro ócio.

O velho truque do "povo não sabe votar" ressurge de cada forma, não é? Essa para mim era nova, mas adorei a professora fazer a relação 'ler é ser crítico' e dar esse exemplo... Mata dois coelhos com uma cajadada só. Mostrou o quando não basta ler, é preciso desconfiar. E que para desconfiar, nem precisa ler, basta não ser passivo.

Isso aponta de volta para a questão da popularidade do Lula. Não adianta só dizer que ele é isso ou aquilo, mesmo se for no JN, se a vida das pessoas melhora de forma perceptiva. As pessoas não são passivas.

Pensando com meus botões, essa questão da aceitação popular toca em questão bem acima do meu entendimento... Maluf era perdoado por um certo rouba mas faz. O JN pode estar em descrédito, mas as novelas continuam a vincular a mesma moral de sempre (me corrija se não for mais isso). E tem mais passividade do que quando se (re)afirma a moral vigente? E, contudo, fora da moral e costumes, se a condição econômica melhora, isso rompe com grandes e velhas barreiras. Bem, pelo menos nas classes sociais que saem da lama...

Eduardo Prado disse...

Paulo,

Fico feliz em saber que a Flávia está bastante "ocupada" com os alunos dela. E não há nada como trabalhar fazendo aquilo que se gosta.

Sobre as novelas da Globo, acho que elas, nem sempre, procuraram vincular a moral vigente. Algumas delas foram de encontro a essa moral e chegaram a romper com paradigmas importantes, sobretudo nos anos 80, talvez alguma coisa no início dos 90. A emancipação da mulher, a rebeldia dos filhos contra a tirania de pais conservadores, liberação sexual, adultério, críticas à política e à religião, Homoerotismo. Temas que eram tabus em muitas famílias brasileiras passaram a fazer parte do repertório social graças a algumas novelas.

Eu tenho uma teoria de que as telenovelas da rede Globo eram mais interessantes quando não precisavam disputar audiência com a programação de outras emissoras. Hoje, se um tema não agrada ao público mais conservador (e eu acredito que os brasileiros, no geral, são conservadores de araque) ele simplesmente muda de canal, vai assistir a record, por exemplo. Para não correr esse risco ousadias maiores são evitadas e o que vemos na tv é sempre mais do mesmo.

Abraço!

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