Secretária de Serra Pede Demisão.
Essa é uma daquelas notícias que precisam ser comemoradas no fim de semana, pelo menos entre os professores da Rede Paulista de Ensino. A secretária de educação do estado, Maria Helena Guimarães de Castro, acaba de entregar seu pedido de demissão. Coincidência ou não, sua saída acontece no mesmo dia em que os professores do estado se reúnem em assembléia para exigir, entre outras reivindicações por melhores condições de trabalho, a demissão da Secretária. A divulgação de erros sérios em livros didáticos elaborados pela Secretaria também deve ter pesado.
Desde que assumiu o cargo, Maria Helena vem comprando brigas com os professores, a maioria delas provocadas pela maneira autoritária com que suas decisões são impostas à categoria e pela sua convicção de que é possível melhorar a qualidade de ensino sem valorizar o professor, uma ideia que não é só dela, mas também é compartilhada pelo governador José Serra. Não existe diálogo entre ela e os professores. O resultado dessa política é a precariedade das condições de trabalho. Quase metade (47%) dos professores do estado são “temporários”. Não tem as vantagens do serviço público, como estabilidade de emprego, nem os benefícios da iniciativa privada, como como vale transporte, FGTS e seguro desemprego. Pior ainda é a situação de dezenas de milhares de professores “eventuais”, que não tem direito nem mesmo à férias e descanso semanal remunerado. Um terço de todos os professores temporários do Brasil estão em São Paulo.
O novo Secrétário será o ex-ministro da Educação no Governo FHC, Paulo Renato Souza. Comemorar a saída de Maria Helena está valendo, mas não dá para comemorar a entrada de Paulo Renato. Esperamos que o relacionamento entre a secretaria e os professores melhore com ele, mas quanto as suas idéias, será trocar seis por meia dúzia.
2 comentários:
Eduardo,
Felizmente, ela caiu, mas ainda assim eu não me animaria muito, o PSDB conseguiu piorar a educação pública de São Paulo de tal maneira que, só para honrar a bandeira, não duvido que na falta de alguém ponham alguém igual no poder.
É a ideia da construção de uma educação pública de baixo para cima, burocraticamente, tendo em vista em primeiro lugar o aparelhamento do que eles podem seja nas superintendências de ensino ou na própria Secretaria de Educação.
Há quem desconfie até que tamanha incompetência seja proposital - e venha obtido bons efeitos nesse sentido na medida em que mesmo os filhos da classe média baixa já estudam na escola privada -, mas deve ser só paranóia, por certo ninguém seria tão desonesto assim num país como o nosso...
Talvez seja um pouco cedo para dizer, mas eu também não acredito em nenhuma mudança de rumo com o novo Secretário. Ele parece ser mais conciliador que a ex Secretária, isso pode melhorar o diálogo entre os professores e o governo. Para mim essa deve ser mais uma estratégia do Serra para 2010, já que Paulo Renato é mais palatável politicamente que a Maria Helena.
Durante muito tempo em acreditei numa "conspiração" dos governantes para manter os filhos do povo na ignorância ou para favorecer a escola privada, hoje eu não penso mais assim, acho que não seria uma "conspiração", mas descaso mesmo, desinteresse. Não só por parte dos governos, mas de toda a sociedade, inclusive por parte daqueles que utilizam a escola pública. Sinceramente, educação pública não rende, nunca rendeu, nem vai render votos, pelo menos não tão cedo.
Pessimista? Diria que não. Vejo alguns progressos nestes últimos anos, mas pouco diante do caos que é a educação pública no Brasil.
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