E Quantánamo Continua
Shane T.McCoy/11.jan.2002/AP – Folha de S. Paulo 22.01.2009 Logo após a posse de Obama, em Janeiro, o Conversa de Bar publicou um post bastante otimista sobre o eminente fechamento da prisão de Guantánamo, instalada na base militar de Cuba. Não era para menos, uma das primeiras medidas do novo presidente foi o congelamento por cento e vinte dias de todos os processos envolvendo os supostos terroristas presos ali. Seria o primeiro passo para desativação dessa base militar.
Hoje, cento e vinte dias depois, não há motivos para tanto otimismo. Não só os EUA manterão a base militar indeterminadamente como a prisão também continuará funcionando. O Congresso Americano rejeitou o pedido do Presidente para desativar o complexo. O problema é que, apesar de contrariar todas as convenções internacionais sobre direitos humanos e crimes de guerra, ninguém sabe o que fazer com os prisioneiros.
Se a responsabilidade pela manutenção de Guantánamo cabe ao Congresso, Obama também deu um passo atrás ao decidir manter uma Corte especial pra julgar os suspeitos de terrorismo. O recuo se deve ao medo de perder o apoio dos Republicanos no parlamento em época de crise. O temor dos grupos de defesa dos Direitos Humanos é que confissões conseguidas através de tortura possam ser aceitas como provas nos julgamento.
Quatro meses é pouco para avaliar um governo, mas o suficiente para algumas decepções.
7 comentários:
Eduardo,
Sobre Obama:
1- Nunca tive dúvidas sobre o fato dele ser a melhor opção.
2- Nunca tive dúvidas de que o sistema político-partidário americano oferece pouquíssimas opções.
3- Nunca tive dúvidas de que sua formação intelectual tão americana o permite ir até a página dois de uma problemática global que vai até página 363.
4- Nunca tive dúvidas que sua própria posição dentro do Partido Democrata sempre foi frágil.
Enfim, Obama foi um desafogo, mas pode acabar sendo um desaforo.
20 de Maio de 2009 17:59
Hi, it's a very great blog.
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Grande Hugo!
Que Obama não seja um desaforo. Há muita esperança depositada nele. Esse é o problema. Muita gente esquece que ele foi eleito presidente dos EUA e portanto vai cuidar dos interesses dos EUA.
O que é possível perceber é que, tanto lá quanto cá, um governo precisa abrir mão de alguns projetos muitos caros durante a campanha, frustrando muitos eleitores, para garantir a implementação de outros e garantir a governabilidade.
Eu ia dizer o que você já disse no comentário acima, Eduardo.
Bem, ainda estamos no primeiro semestre do mandato de Obama. Vamos esperar (e esperar).
Um exemplo de que 'estar no governo' é bem diferente de 'estar no poder'.
Exatamente, Luiz.
A política, ainda mais numa democracia verdadeira e plural, exige muitas concessões. As vezes é preciso dar um passo à trás para avançar dois passos a frente.
O problema é que o poder permanece o mesmo, intocável dentro das regras democráticas tais quais nós a conhecemos hoje, mesmo com todos os 'passos à frente' que demos nas últimas décadas. E os passos são dados em diferentes caminhos: avançamos em alguns aspectos, regredimos em outros. E também o próprio 'avançar' ou 'regredir' é relativo a qual camada social é beneficiada ou não com 'cada passo'.
Nosso sistema democrático liberal é eficaz no sentido de que até passa uma falsa impressão de mudança em 'tempo de vida'. Pois a mudança real, que altera as relações de poder, se dá numa escala temporal de mais difícil compreensão: o tal do 'tempo histórico'.
Enfim, acho que democracia nem sequer existe, pelo menos, não como algo '8 ou 80'. Posso falar, sim, de processos democráticos, que aliás não se resumem à 'política' da qual estamos falando.
Bem, deixa eu tomar a 'saideira' dessa conversa, um abraço!
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