São Paulo: 456 Anos
Há 456 anos alguns padres jesuítas acompanhados por poucos colonos portugueses e alguns indígenas fundaram a Vila de São Paulo de Piratininga, que séculos mais tarde, seria uma das maiores metrópoles do mundo. Mas a verdade é que por mais de 350 anos ela não passou de uma pequena vila que devia sua importância mais à localização estratégica _ a vila era a porta de entrada para o sertão _, que pela sua economia.
Que o leitor não se engane com a vila pobre e acanhada descrita nos livros de História. No final do século XVI as Capitanias de Santo Amaro _ a qual São Paulo pertencia _ e de São Vicente _ foram unificadas sob a denominação de Capitania de São Paulo, a maior da colônia que até 1750 compreendia o que hoje são as regiões Sul, Sudeste, e Centro-Oeste do Brasil. Suas principais atividades econômicas, o aprisionamento de índios e a mineração não beneficiaram diretamente a vila, mas dotaram-na de uma rede de estradas e rotas comerciais que foram determinantes para seu desenvolvimento a partir do século XIX.
A São Paulo que hoje faz aniversário possui poucos marcos da vila de Piratininga. A cidade colonial foi substituída pela cidade dos barões do café, que foi posta abaixo para dar lugar à cidade industrial que também já cedeu lugar à atual cidade dos serviços e do setor financeiro, dos arranha céus e das favelas. Já foi uma cidade de caipiras, de imigrantes estrangeiros e de migrantes nordestinos. Estes últimos freqüentemente responsabilizados pelo males da cidade, quando a culpados pelo caos urbano é de uma elite que nunca se importou em transformar cada pedaço da cidade em dinheiro. Um elite que se diz orgulhosa por ser paulista, mas que é incapaz de se reconhecer como “local”, precisando recorrer a referências estrangeiras para se identificar. São os descendentes desses migrantes, e não os da elite tradicional, que estão forjando a São Paulo do século XXI, que será ainda uma cidade de migrantes, mas terá uma proporção cada vez maior de habitantes nascidos nela. Segundo o IBGE, no censo de 2000 metade dos moradores da cidade já haviam nascidos aqui, o que não acontecia desde 1890!
Que esta São Paulo seja mais humana, mais justa e deixe de ser uma cidade de poucos, para ser uma cidade de todos.
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