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quarta-feira, 31 de março de 2010

É Preciso Despertar (ou Caminhando com Maiakoviski)

Cartaz Anistia

(…)
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história:
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer mais nada.

O belíssimo poema acima é um fragmento de outro, do escritor e poeta Eduardo Alves da Costa, com o título “No Caminho Com Maiakovski” (o poema completo pode ser lido aqui), publicado na década de 60. A referência ao poeta russo, morto em 1930 _ e o estílo, ou melhor, o espirito do poema, já levou muita gente a atribuí-lo ao própio Maiakovski . A atual fase de disputa política por que passa o país, a greve dos professores que caminha para completar um mês e a forma como ela é ignorada pelo governo do estado e (des)-tratada pela imprensa e, também a atitude de parte do professorado e da própria sociedade diante dela me fizeram lembar desse poema, que eu li pela primeira vez em 1992 com o mesmo título que dei ao post: É Preciso Despertar.
No mesmo poema há outro trecho de que gosto muito:

(…)
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

Revendo minhas últimas postagens fiquei surpreso _ sei que não deveria, mas fiquei _ ao constatar que o Conversa de Bar, de Janeiro pra cá, ficou com a cara de blog sobre Educação, ou melhor, sobre a tragédia da educação pública no estado de São Paulo.  Bem, ainda não será agora que essa cara vai mudar. Hoje mesmo tem outra Assembléia na Paulista e provavelmente amanhã haverá mais uma postagem sobre o tema. Enquanto isso fica aqui trechos do poema,  e deixo suas palavras falem por mim.

2 comentários:

Guilherme Diogo Rodrigues disse...

Ola,Edu

Nossa, eu amei esse poema, realmente muito bom, eu não conhecia.
Parece que ele representa mesmo a dura batalha que estão travando os professores do estado de São Paulo.
Em relação as manifestações, você poderia me avisar os dias que elas vão acontecer, e se eu puder ir, gostatia de participar.
Agora, mudando totalmente de assunto, comecei a ler um livro sobre o Nelson Mandela, num sei se vc ja leu, "A luta é a minha vida". Muito bom, tanta coisa que eu não sabia sobre ele!!!!

Abraço!!!

Eduardo Prado disse...

Olá, Guilherme!

Também gosto muito dele. Pouca gente se dá conta que a suposta liberdade da qual nós gozamos é apenas aparente ou de que poderosos grupos políticos e econômicos estão empenhados em restringí-la, e contam com nosso próprio apoio para isso. A liberdade é retirada aos poucos, sem que reclamemos ou protestemos até que um dia descobrimos não podemos dizer mais nada. A Grande imprensa, hoje, é o principal instrumento daqueles que vem na liberdade de expressão um entrave aos seus interesses. Uma distorção enorme, já ela se diz a pricipal defensora dessa liberdade.

Sobre o livro, deve ser ótimo! Não o conheço, mas acompanhei, a deistancia é claro, a luta de Mandela _ e não só dele _ contra o regime racista da Africa do Sul. Boa leitura!

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