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quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Negro No Brasil Pós-Abolição

por Maria José Caldas

O fim da Escravidão foi o resultado de um lento processo que na verdade procurou escamotear a dinâmica das transformações econômicas em curso, representadas na segunda metade do século XIX pela lavoura cafeeira, mais bem integrada ao capital internacional, pelo conjunto de transformações políticas decorrentes do processo de descolonização do continente americano e pela crescente presença do imperialismo inglês sobre os países do Cone Sul. Mas existe um ponto a ser esmiuçado: É necessário lançar um olhar sobre a condição do “negro” após a abolição. Para onde foram quando deixaram as fazendas? Qual foi a política desenvolvida na época para que pudessem construir suas vidas de forma digna e independente? 

A resposta a estas questões explica a atual situação vivida hoje por grande parte dos negros no Brasil. O estigma da escravidão representava uma desvantagem na disputava por trabalho com os imigrantes portugueses, espanhóis e italianos _ também analfabetos _ que chegavam para “fazer a América”. Ao negro não restou nem a garantia do trabalho mais pesado, foram entregues à própria sorte.

As mulheres negras continuaram fazendo trabalhos serviçais pouco remunerados como lavadeiras, copeiras, empregadas domesticas. Mas foi este trabalho que permitiu à mulher negra manter sua prole e contribuiu para que não houvesse a absoluta desintegração das famílias negras. Com a consolidação da República os sucessivos governos se entregaram ao projeto de branqueamento e de europeização do Brasil legando aos negros as sobras do desenvolvimento da nação.

 

8 comentários:

Naiara Gomes disse...

Olá, estou produzindo um artigo sobre a mulher negra e o mundo do trabalho, falo sobre o duplo preconceito por ela enfrentado, o de ser mulher e ser negra.
Gostei muito de que vc escreveu, pois vivenciamos cotidianamente formas de racismo "mascarados", que são reflexos de um passado sócio-histórico adivindo do escravismo e que trouxe no bojo um dos piores estigmas(como vc colocou), da humanidade, o preconceito racial contra o negro.

Maria José Silva Caldas Fagundes - E.mail: zezecaldas@gmail.com disse...

OLá Naíara,
Dentre os brasileiros que trabalham, as mulheres são quase a metade e são responsáveis pelo sustento de aproximadamente 1/3 das famílias no Brasil.
Nos estudos sobre gênero uma das tendências atuais mais promissoras indica que devemos pensar o feminino não como uma essência natural, mas como sendo constituído em consonância com uma estrutura que só pode ser compreendida se for contextualizada e se forem consideradas outras categorias classificatórias como classe, raça e etnia. Uma das maneiras de compreendermos a situação da mulher negra no Brasil é nos orientarmos através dos indicadores que apontam para a sua condição sócio-econômica e ocupacional.

A exclusão social da mulher é secular e diferenciada. A compreensão sobre a condição bipolarizada do sexo possibilita indicações dos nortes da exclusão social fundamentada na diferença. É sabido que o fenômeno da exclusão não é específico da mulher, mas atinge os diferentes segmentos da sociedade. É também notório que a exclusão não é provocada unicamente pelo setor econômico, embora se admita que este é um dos principais pilares de sustentação desse fenômeno. A exclusão é gerada nos meandros do econômico, do político e do social, tendo desdobramentos específicos nos campos da cultura, da educação, do trabalho, das políticas sociais, da etnia, da identidade e de vários outros setores.
A primeira Juíza negra no Brasil é Luizlinda dos Santos, com uma história de luta e coragem, que vale a pena saber para uma reflexão acerca da mulher negra e o mundo do trabalho.
Fiquei feliz em saber de seu interesse pela História das Mulheres como eu, podemos trocar idéias e reflexões acerca do tema Naíara.
Beijos

Maria José Silva Caldas Fagundes - E.mail: zezecaldas@gmail.com disse...

A primeira coisa que fiz quando abri a net na manhã do dia 13 de Maio, foi procurar reportagens, artigos, sobre a Abolição. Encontrei um pequeno artigo no site Diário catarinese que fazia a pergunta: será que os negros são totalmente livres?

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2904598.xml&template=3898.dwt&edition=14697&section=1323


Para minha decepção, percebi que realmente passados 122 anos, os negros estão praticamente esquecidos, esgotaram-se as questões raciais?
Estaríamos cansados dos debates sobre a "cor", cotas, trabalho?
Por onde andariam os negros e afro-descendentes?

Entre os afro-descendentes encontramos alguns pintores esquecidos pela nossa sociedade.

http://www.youtube.com/watch?v=1IHdrpUR2gI

Após 122 anos é necessário lançar um olhar, refletir e pensar nos negros pós-abolição.

Eduardo Prado disse...

Naiara e Zezé,

A Abolição da escravatura e o Treze de Maio significaram a ruptura definitiva, _ ainda que muito atrasada _ com o sistema colonial _ sessenta e seis anos após a independência. Mas é preciso reconhecer que foi insuficiente para emancipar, de fato, as populações escravas por não vir acompanhada de uma política de inclusão social. Extinta a escravidão o negro foi marginalizado.

Hoje, 122 anos depois, apesar de persistirem as desigualdades entre brancos e negros, podemos constatar que elas estão diminuindo. O ritmo ainda é lento, mas segundo dados do IPEA, se não houver mudanças econômicas muito significativas, alcançaremos a igualdade racial no Brasil em trina anos, pouco mais ou pouco menos. Temos de concordar que é muito tempo, mas isso mostra, pelo menos, que nossa sociedade não está estacionada. Cabe a nós, membros dessa sociedade, contribuirmos para acelerar essas mudanças e erradicar a desigualdade racial antes desses trinta anos.

Érika disse...

Olá!

A história do negro no Brasil é tão rica!

Existe todo o lado do sofrimento e da luta contra a escravidão e contra o racismo e existe também a preservação e a transmissão da cultura africana, a mistura cultural com indígenas e europeus, a micigenação, a alegria, o jeito de ser.

Acho que precisamos equilibar todas essas facetas. A historia do negro no Brasil não é só sofrimento e opressão (e que bom que as coisas estão mudando, Eduardo), mas também não é só alegria e reconehcimento cultural. É tudo isso junto!

Até mais!

Naiara disse...

Muitíssimo obrigada pela contribuição.
Esqueci de mencionar estou concluindo especialização em Educação Para Relações Étnico-Raciais(ERER) e que tudo que vc escreveu acerca do assunto enriqueceu muito meu artigo.
Faço questão de trocar ideias, já que temos um interesse em comum pela temática.
Valeu mesmo!

Maria José Silva Caldas Fagundes - E.mail: zezecaldas@gmail.com disse...

OLá Naiara,
Obrigada, se quiser pode me escrever via e.mail assim trocaremos algumas idéias a respeito.
Um Beijo

Waldimiro de Souza disse...

Na gestão de 1986 a 1988 do Ministro da Cultura Celso Furtado, aconteceu uma audiência com o Secretário de Cultura Gilberto Gil do prefeito Mario Mello Kertész e os fundadores do conselho do memorial Zumbi; Carlos Moura, Jornalista Justo do RJ e Waldimiro de Souza. Com objetivo de um projeto de reconstrução do pelourinho, da sua historia e apoio a população negra e pobre que habitavam em residências sem condições básicas. Naquele momento havia um clamor da população negra brasileira. Para surpresa de todos, o esforço para conquistar as verbas locadas para prefeitura de salvador na época viram pó. Alguém embolsou todo esse esforço coletivo da nação brasileiro e exterior. Ficaram evidente as palavras do ministro da cultura Celso Furtado, que o negro não tinha representação política, para fazer valer e cumprir um empreendimento dessa magnitude.
Chegou a hora de modificar a estrutura dos partidos políticos que tem como base o conceito racistoide. O poder judiciário no processo da juridicidade há de gerir o estado republicano o poder civil pela democracia plena. 82% da população da Bahia são de negros e os mesmo não se elegem para o executivo e legislativo e quase não há negros no poder judiciário.
OnegronoBrasil1980.blogspot.com está solidário ao Doutor Fernando Conceição, jornalista, professor da UFBA, biografo da obra de Milton Santos e organizador do projeto grupo de pesquisa permanecer Milton Santos que foi intimado pela Justiça da 10ª zona Eleitoral da Bahia, conforme e-mail que recebemos do mesmo;
“Meu advogado ( tel.71.8739-5607) tem até o meio dia desta quarta-feira, dia 5, para apresentar nossa defesa. Ou, conforme despacho da juíza Maria Fátima Monteiro Vilas Boas, poderei pagar multa diária de R$ 5.000,00. É assim que "Salvador tem jeito"."

Parabenizamos pelas suas publicações do Jornal da Tarde da Bahia e pelo seu grande site www.fernandoconceicao.com.
Conforme o clamor do poeta Castro Alves “A Deus e aos céus” compreendemos que o homem não alcança a capacidade e compreensão do poeta.

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