... e o Lula teve o seu dia de Dercy

No dia 04 de Dezembro, ao discursar sobre a crise mundial para numa platéia no Rio de Janeiro, o presidente Lula, no melhor estilo Dercy Gonçalves, brindou seus ouvintes com um palavrão (vídeo): _ "Se você fosse médico de um paciente muito doente, iria encorajá-lo, lembrando a ele todos os avanços da medicina com que ele pode contar, ou diria: meu, você sifú!"? Perguntou o presidente à platéia, que caiu na gargalhada. O que ele quis dizer é que ninguém diria isso à um doente, assim como o presidente também não vai nos dizer que a crise é braba e a gente vai tudo "sifú".

O Lula nunca demonstrou muita preocupação em falar um Português mais culto, que poucos brasileiros falam, é verdade, sobretudo quando fala para o povão. Ele usa e abusa de expressões populares e de um vocabulário ausente dos meios de comunicação, que as consideram vulgares, coisa de gente ignorante. Muita gente não se conforma em ter como presidente o falante de uma variação lingüística socialmente desvalorizada, que ele sabe explorar muito bem para conquistar a simpatia da massa. Mas palavrão, que eu me lembre, ele nunca falou. Pelo menos não em público.

Nem foi um palavrão desses cumpridos, é verdade, e ainda saiu pela metade. Eu é que gostaria de ter um emprego onde pudesse me expressar livremente sem me preocupar com o que os outros podem dizer. Sorte a dele.

Falando de palavrão, se você tem um e-mail já deve ter recebido o artigo "Palavrão - Uma terapia", do Millor Fernandes. O texto é ilário, talvez porque tenha muito de verdadeiro. Se palavrão não fosse terapia como explicar que a Dercy Gonçalves tenha vivido tantos anos de bem com a vida? Mesmo o Niemayer não se importa em usá-los despreocupadamente. Está aí uma fórmula de longevidade que ninguém pensou ainda. Para aqueles que sentem urticária só de pensar na possibilidade de um terceiro mandato, um alerta, se o Lula pegar gosto pela coisa, aí meu, sifú!