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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Chovendo No Molhado

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Esta semana não foi fácil para quem vive em São Paulo. As chuvas não deram trégua. Provocaram alagamentos, deslizamentos de terra e, infelizmente, mortes. Nos noticiários as imagens dos congestionamentos, de rios e córregos transbordados, das famílias que perderam tudo e das dramáticas cenas de resgate são apresentadas como fatalidades. Idéia reforçada por jornalistas do “tempo” munidos de mapas e gráficos tentando explicar o que ou qual fenômeno causou tanta destruição, ou com prefeito e governador jogando a culpa na chuva, na população e no crescimento desordenado da cidade. Fatalidade?  São imagens de tragédias anunciadas e, por que não dizer, esperadas, que se repetem todos os anos.
Em seus primórdios, a área onde hoje se ergue a metrópole de vinte milhões de almas  era conhecida como Piratininga, algo como “terra de peixe seco”, em Tupi. Nos  meses de verão as chuvas transbordavam os muitos rios, riachos e córregos que cortavam o planalto, transformando tudo num imenso alagado. Com as cheias os peixes se espalhavam pela várzea onde secavam ao Sol quando as águas baixavam. Quinhentos anos depois, as chuvas continuam caindo na mesma época, sobre o mesmo planalto, transbordando os mesmos rios, riachos e córregos, que inundam as mesmas várzeas. O que mudou é que a sujeira substituiu os peixes e as várzeas foram ocupadas pela cidade.
Uma solução definitiva pode levar décadas, mas é possível amenizar os danos a médio prazo desde que nos conscientizemos de que não dá para mudar a natureza, precisamos nos ajustar a ela mudando a maneira como pensamos a cidade, ajustando a legislação para novas construções e com obras, muitas obras. Dizer que as chuvas foram intensas, que a cidade foi construída de forma desordenada, que a impermeabilização do solo agrava as enchentes é chover no molhado. É fugir das responsabilidades do poder público, é ignorar a história de São Paulo de Piratinga.
Foto: Piscinão Sharp Com sua capacidade máxima quase comprometida após as chuvas do dia 20 de Janeiro.

12 comentários:

Guilherme Diogo Rodrigues disse...

Olá, Edu

As chuvas tem castigado todo o estado de São paulo, não só a cidade viu, aqui por Suzano alguns lugares também ficaram alagados!
É preciso um concientização de toda a população e um comprometimento maior do poder publico, só assim poderemos ao menos amenizar essa situação tão dramática que São Paulo enfrenta!

Abraço!

Eduardo Prado disse...

Sim, Guilherme,

E as chuvas tem provocado estragos e mortes também fora do estado de S.Paulo. Alguns fatores colaboram para agravar esses problemas. Um deles é que a Defesa Civil não age de forma preventiva. O correto seria atuar antes dos problemas e não apenas depois.

Tudo bem, alguns anos são mais chuvosos que outros, mas é certo que os meses entre Novembro e Março são particularmente mais chuvosos. E também é certo que algumas áreas estão mais sujeitas a alagamentos e deslizamentos de terra. Com exceção de eventos excepcionais como as fortes chuvas no Vale do Itajaí,em Santa Catarina ano passado e no Vale do Paraíba, há regiões em que tragédias certamente irão acontecer. Se é assim os municípios deveriam contar um uma estrutura que permitisse retirar as pessoas que vivem em áreas de risco antes que algo pior aconteça. O ideal seria evitar que as pessoas construissem nestas áreas, mas como o poder públicos não foi capaz de dar a elas outras alternativas de moradia, deve zelar pela sua segurança no local onde elas estão. Monitorar as áreas de risco e informar a população sobre eles, providenciando alternativas de moradia até que eles passem, deve ser uma obrigação do estado.

Ericka disse...

Verdade, mas também deve-se levar em conta que a própria população tem que se ajudar, muitos casos de alagamento se dão devido a poluição, porque as pessoas jogam lixos nas ruas, não se importando com as consequências. Mas tudo é um efeito dominó, o governo não investe em estrutura, em educação, e a população por sua vez não se esforça em cultivar bons costumes e não cobra mais do governo, acomodando-se.
O que as pessoas precisam enxergar é que a natureza está se manifestando de forma tão cruel, porque está meio que "pedindo socorro". Chegamos a um ponto que ou nós nos conscientizamos e começamos a cuidar do meio em que vivemos ou a tendência será piorar.

É isso...

Beijos.

Roberto l.Silva disse...

Eu creio que seja mais pela poluição se todo mundo fosse mais civilizado e não ficasse jogando lixo na rua... que acaba gerando desastres por ai.. entupindo bueiros... e etc.. principalmente em córregos..e o governo pra piora a situação não investe em estrutura..como uns do leitores disse ai em cima no comentário.. se não começarmos a cuidar do nossa meio em que vivemos a tendência é piorar.. ou seja na verdade já está piorando...

Guilherme Diogo Rodrigues disse...

Roberto
Creio que seja muito mais uma questão sociologica, o governo não da educação , não da informação e a infra estrutura é zero, o povo só pode se concientizar e não jogar lixo na rua, se o governo der uma educação desde o começo, aí sim se tornaria um habito!

Edu
Estou totalmente de acordo com suas palavras!
Mudando de assunto, obrigado pela visita no meu blog, fiquei feliz em saber que gostou dos meus simples versos por lá, estou me arriscando, você chegou a ler os outros poemas?
Nas paginas anteriores tem mais !!
confere la!!
Sua opinião tem uma grande importancia pra mim!

Abraço!

Eduardo Prado disse...

Ericka,

Com certeza, amenizar os efeitos das chuvas envolve o engajamento de toda a população e de todos os setores sociais, incluindo aí empresas e governo. Somos todos responsáveis pelo local em que vivemos e devemos nos esforçar para torna-lo melhor, sempre.

Com relação ao lixo, e aproveitando para responder também ao Roberto_ este é, sem dúvida, um fator complicador, mas não é determinante para as enchentes enfrentadas pelos paulistanos. Na verdade o lixo acaba servindo como desculpa dos governantes para culpar a população pelo problema, minimizando suas responsabilidades como poder público. Por mais que seja um problema sério, são a impermeabilização do solo, que faz a água da chuva chegar muito rapidamente e em maior quantidade aos córregos e galerias, e a grande quantidade de sedimentos arrastados pela enxurrada (terra, areia, pedras e lama), responsáveis pelo assoreamento dos cursos de água, e não o lixo, os grandes vilões das enchentes.

Basta fazer um passeio rápido pelos piscinões paulistanos para constatar que a quantidade de terra e lodo que se acumula quando as águas baixam é bem maior que a quantidade de lixo. Quando não é retirado, esses sedimentos reduzem a capacidade dos piscinões. O mesmo acontece com rios como o Tietê. Como o governo não limpa o rio com a freqüência que deveria, a cada chuva forte ele transborda mais facilmente, provocando um efeito em cadeia em seus afluentes. Vale a pena ler aqui a entrevista com o professor de Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP sobre o assunto.

Obrigado pela participação!

Eduardo Prado disse...

Guilherme

Sou eu quem deve agradecer pelas suas participações aqui no Bar e pela sua consideração!

Eu li seus poemas anteriores e gostei de todos eles. Eu até já tinha pensado em escrever algo assim no blog, mas não levo jeito. Você, sim. Como eu disso no comentário lá no Pensamento Livre, tà mandando muito bem! Atores Inexperientes a mais recente, é de arrebentar!

Abraço!

Guilherme Diogo Rodrigues disse...

Edu,

A que bom que leu os outros poemas também!
Eu achei que não levava jeito também, mas comecei a me arriscar pra ver no que dava.
Fico feliz que esteja gostando, continue acompanhando que tem muita coisa por vir ainda, esse poema que você leu acabou de sair do forno!(risos)

Abraçoo!

Thiago Leite disse...

A palavra fatalidade vem do latim fatum, que significa destino. E tem a ver com o conceito da tragédia grega. Todo o teatro trágico grego contava alguma história de fatalidade, de luta contra um destino inevitável (tome-se como exemplo Édipo Rei).

É trágica e é fatal a situação de São Paulo, pois são consequências de eventos históricos. Mas, como você diz, não é inevitável ou, ao menos, não precisaria necessariamente ser tão grave se cidadãos e governo local trabalhassem entendendo que "não dá pra mudar a natureza".

Isso me fez lembrar da Avatar e de uma frase do filme: "tudo que tiramos da natureza é emprestado e será preciso devolver".

Muito forte o seguinte trecho: "O que mudou é que a sujeira substituiu os peixes e as várzeas foram ocupadas pela cidade."

Fiz uma associação com um episódio d'Os Simpsons, em que a propaganda de uma empreendedora mostrava um mendigo sendo substituído por uma lata de lixo... Qualquer mudança drástica na natureza produz uma reação espasmódica. E pensar que é tão antiga a sabedoria "nada se perde, tudo de transforma".

Eduardo Prado disse...

Thiago,

Assisti Avatar na noite passada e essa frase diz tudo. "Tudo que tiramos da natureza é emprestado e será preciso devolver". Se não devolvemos, a natureza pega de volta, a força.

carolina lopes disse...

Esse texto ajudou muito em meu trabalho sobre inxentes.obg

Eduardo Prado disse...

Fico muito feliz por ter ajudado, Carolina.
Obrigao pela visita!

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